O papel da escola e do professor em uma sociedade tecnológica

Construir conhecimento é o maior desafio da educação contemporânea; o perfil dos alunos mudou e a escola precisa estar atenta para capacitar os professores e atender à demanda da nova geração

 

Giz, quadro e livro didático foram por muito tempo os maiores símbolos da escola; nos dias atuais, no entanto, esses recursos têm dado lugar a outros mais modernos e interativos, pois o mundo se transformou, tem se distanciado a cada dia do modelo tradicional de educação para atender às demandas de uma geração movida pela tecnologia. A sociedade do conhecimento mudou, os estudantes estão conectados digitalmente e o novo processo de ensino-aprendizagem vem passando por um momento significativo de inovação.

 

Assim como não sabemos ler e escrever quando nascemos, também não dominamos naturalmente a tecnologia, embora ela esteja à nossa disposição, por isso é fundamental o processo de alfabetização digital, de letramento digital e de desenvolvimento da cultura digital com conteúdos aprofundados que auxiliem o professor.

 

A mentalidade dos alunos é outra, assim como o acesso a conteúdos diversos, inclusive aos trabalhados em sala de aula. Há uma nova exigência para as instituições de ensino e para os professores: ambos precisam estar atentos às novas demandas dos estudantes a fim de que tenham o preparo adequado para ensiná-los a usufruir da tecnologia da melhor forma possível, com inteligência e eficácia.

 

Mas, como o professor pode agregar os recursos tecnológicos no cotidiano da sala de aula? A gerente de Cultura e Pessoas da Inicie, Maura Marzocchi,­ observa que a questão não é mais sobre como se ensina, mas também como se aprende para ensinar porque esse processo acelerado de transformação pelo qual o mundo está passando exige que os educadores entendam, à luz das teorias de aprendizagem contemporânea, como é o processo de aprendizado de cada um. Esse embasamento é fundamental para a escola saber como vai trabalhar daqui para frente e, mais do que isso, como tornar um aluno aprendente o tempo inteiro.

 

“Não é um aluno que aprende só porque o professor ensina, mas porque ele aprendeu a aprender sozinho; o aprendizado constante é uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho”, ressalta. Hoje a escola precisa ensinar o aluno a buscar informações nas mídias com perguntas adequadas, a filtrar os conteúdos, compará-los e avaliar os que melhor correspondem à sua necessidade.

 

Para que isso aconteça, o professor precisa se reinventar diuturnamente para aprender a utilizar a tecnologia a seu favor e, com isso, conhecer novas formas de ensinar. “Utilizando ferramentas tecnológicas e a linguagem do aluno, que hoje também é tecnológica, a escola consegue auxiliá-lo no desenvolvimento da aprendizagem de forma muito mais eficaz”, reforça Maura.

 

Neste novo cenário, que se desenhou de forma mais intensa a partir da pandemia de covid, é importante que o professor também procure o seu processo de aprendizagem sem depender da escola para receber formação continuada, ainda que a instituição de ensino precise entender, por sua vez, que tem por obrigação auxiliar o professor, tirando-o do lugar de ensinante e colocando-o na posição de aprendente, não apenas no início e no meio do ano, com a semana pedagógica. É necessário ir além, disponibilizar cotidianamente recursos para o professor e capacitá-lo para que saiba utilizá-los a fim de produzir conhecimento.

 

Cabe à cada escola decidir qual é o melhor modelo que se adapta ao time com o qual trabalha e, a partir disso, privilegiar momentos de aprendizagem, promover formação continuada e discussões aprofundadas entre os educadores durante o ano todo.

 

Informação a um clique

 

O líder de Inovação da Inicie, Kadu Braga, avalia que, em um mundo onde a informação está a um clique, a construção do conhecimento segue sendo o desafio da pedagogia contemporânea. “Em um contexto em que se supera o paradigma da transmissão de conhecimento, a função da escola começa pelo reconhecimento simbólico e prático do verdadeiro protagonismo estudantil, para que, uma vez empoderados nessa prática – ainda não efetiva na maioria das escolas – os alunos possam, a partir da oferta de um ambiente suficientemente acolhedor, vivenciar experiências que, por sua vez, promovam a construção emergente do conhecimento coletivo”, observa.

 

Conteúdos profundos

 

A gerente de Cultura e Pessoas, Maura Marzocchi, considera que a Inicie contribui significativamente com as instituições e com a criação dos futuros da Educação pela maneira que estrutura as trilhas disponibilizadas para alunos e professores, com conteúdos profundos que ‘pegam o professor pela mão’ e levam aos estudantes o que há de mais atualizado. Isso ocorre porque a Inicie conta com integrantes de um time envolvidos com pesquisas, que estudam o tempo inteiro e produzem trilhas e experiências de aprendizagem com base no que há de mais moderno no pensamento pedagógico.