o papel da escola

Os desafios de cada faixa etária e o papel da escola

O papel da escola é, em essência, formar cidadãos conscientes e equilibrados para a convivência em sociedade. As metodologias e a didática utilizadas pelas equipes docentes para alcançar esses objetivos, no entanto, variam de acordo com diversos fatores. A idade dos estudantes é um desses elementos, e é sobre isso que vamos falar neste artigo.

 

É na escola que as crianças começam a desenvolver suas primeiras competências de socialização, interpretação do mundo à sua volta e compreensão dos limites próprios e terceiros. Por isso é fundamental o papel da escola em orientar e contribuir para proporcionar experiências enriquecedoras neste momento tão importante.

 

As fases mais avançadas, quando as crianças já são maiores, e até quando se tornam adolescentes, também reúnem uma série de novos aprendizados importantes. Para além do conhecimento técnico repassado pelos professores de cada disciplina, os estudantes na adolescência começam a aprender a como se portar no mundo adulto.

 

Primeira infância

 

Estudiosos das áreas de educação e psicologia dividem o desenvolvimento cognitivo das crianças em algumas fases principais, reunindo características em comum. Para o psicólogo e biólogo suíço Jean Piaget, um dos mais relevantes estudiosos do desenvolvimento humano, tudo começa na primeira infância.

 

Essa fase da vida compreende o período entre 0 e 2 anos de idade, onde a criança se encontra no estágio sensorimotor do desenvolvimento. Aqui é onde são desenvolvidos os reflexos, a reação aos estímulos e começa a ser criada uma memória sensorial ligada a atividades físicas e cognitivas.

 

Nesta etapa do desenvolvimento, para crianças que já estejam frequentando, o papel da escola é bastante direcionado para o fomento a esses aprendizados. Assim, é fundamental que se respeite a rotina de sono e alimentação dos bebês, e que se aplique diferentes atividades e exercícios sensoriais.

 

Segunda infância

 

Interpretada por Piaget como a fase pré-operatória, a segunda infância compreende crianças com idades entre 2 e 7 anos. É normalmente nesta etapa da vida que os pais ou responsáveis inserem as crianças no ambiente e convívio escolar. Por isso, é onde costuma haver o desenvolvimento cognitivo mais expressivo de toda a infância.

 

Conforme a criança já está com seus estímulos sensoriais desenvolvidos e mais referências consolidadas, tem-se início um processo de socialização e de compartilhamento com outras crianças e com os professores, para além somente da família.

 

Os pensamentos das crianças nessa fase ainda passam muito pelas suas experiências pessoais prévias, ou seja, não são dotados de encadeamento lógico. Aqui está um espaço muito importante para a aplicação do papel da escola, que é o de promover atividades que contribuam com esse desenvolvimento mais lógico do pensamento.

 

Utilizar recursos que ajudem a criança a se compreender como um ser individual e contribuir com o processo de alfabetização são os principais desafios das escolas. Aqui também esses desafios se mostram como o principal papel da escola no auxílio ao desenvolvimento cognitivo e social das crianças.

 

É importante neste momento começar com a inserção de elementos que sejam interessantes e atrativos para essas crianças, a exemplo das tecnologias digitais. Muitas delas provavelmente já consomem conteúdos digitais, como jogos e vídeos, na sua vida em casa. Por isso, tendem a se sentir mais atraídas quando os processos de aprendizagem envolverem esses recursos.

 

Crianças nessa faixa etária estão em estágio inicial de desenvolvimento cognitivo, de modo que ainda se distraem muito facilmente e podem apresentar comportamentos de irritação quando contrariadas. Por isso é muito importante compreender o papel do profissional de educação e o papel da escola ao orientar essa jornada.

 

Terceira infância

 

Seguindo no raciocínio estabelecido por Jean Piaget, a terceira infância é o que o pesquisador chamou de estágio operacional concreto. Este momento da vida (entre 7 e 11 anos) é quando as crianças passam a desenvolver melhor o raciocínio lógico, executar tarefas mais complexas, como resolver problemas de matemática.

 

Este é um momento em que os maiores desafios das escolas estão em direcionar a importância e validar a necessidade da dedicação aos processos de aprendizado. Isso porque as crianças nessa idade estão querendo descobrir o mundo e, dependendo da abordagem da escola, ficar neste ambiente pode não ser a atividade mais atrativa para eles.

 

Por isso, o papel da escola aqui é contribuir com o desenvolvimento cognitivo das crianças, mas não somente através dos conhecimentos técnicos ministrados nas disciplinas. Atividades extracurriculares, projetos externos, viagens de estudos, laboratório de informática etc. são recursos bem-vindos para contribuir com o desenvolvimento e interesse das crianças.

 

O uso da tecnologia digital aqui pode ser ainda mais relevante do ponto de vista de como a escola pode auxiliar no desenvolvimento. Aqui já é possível solicitar que os estudantes façam pesquisas na internet e registrem seus aprendizados, ou os compartilhem com os colegas em rituais específicos, por exemplo.

 

Adolescência

 

A adolescência compreende o período dos 12 aos 19 anos e, para Piaget, é a elaboração do estágio operacional formal do desenvolvimento humano. Nesta etapa, as crianças já cresceram e se desenvolveram cognitivamente a ponto de já serem capazes de emitir suas próprias opiniões sobre os assuntos discutidos, com base em fatos e argumentos.

 

É fundamental que a escola explore esse processo através de diferentes dinâmicas de fomento ao debate entre os alunos e à exposição de linhas argumentativas. Isso porque, segundo Piaget, na adolescência as pessoas já se utilizam do raciocínio abstrato, conseguindo compreender situações menos concretas, e até especular ou formar hipóteses sobre algo que ainda sequer conhecem.

 

O grande desafio da adolescência está na simbologia de passagem entre a infância e a idade adulta, pelo fato de as crianças precisarem se desapegar de diversos comportamentos que tinham e incorporar novos hábitos. O corpo muda, a mentalidade se transforma e tudo isso ocorre enquanto esses adolescentes precisam ir para a escola e aprender os conteúdos da grade curricular.

 

Portanto, o papel da escola neste caso está, claro, no ensino das matérias de cada disciplina, mas também em ter uma compreensão mais humanizada sobre o momento dessas pessoas. Não é uma fase fácil, nós adultos já passamos por ela e sabemos bem, então o respeito e a empatia serão fundamentais neste momento.

 

Assim, os adolescentes poderão ter a oportunidade de aprender também sobre essas competências socioemocionais na prática, sentindo na pele e vendo suas grandes referências as aplicarem.

 

Ter a compreensão sobre os comportamentos e as necessidades das crianças e adolescentes nas diferentes faixas etárias é fundamental que o papel da escola seja exercido com maestria. O desenvolvimento dessas crianças está em grande parte nas mãos da educação que recebem, e com isso as instituições de ensino podem contribuir muito.