Quando se fala em acessibilidade na educação, muitas vezes pensamos direto em como (criar estratégias para)incluir pessoas com (deficiências, transtornos, síndromes, altas habilidades e/ou superdotação)necessidades especiais nas atividades em sala de aula, certo? E como será que podemos pensar em práticas mais inclusivas para o ensino híbrido?
As características singulares do público-alvo da educação especial revelam a necessidade de variadas estratégias e ficam ainda mais evidenciadas quando expostos à barreira do digital. Mas a tecnologia pode promover funcionalidades para que este cenário seja diferente devido a todas as possibilidades de inclusão que disponibiliza.
Continue a leitura deste artigo e conheça mais sobre este tipo de prática inclusiva na educação através do ensino híbrido.
O que são práticas inclusivas
A didática que possibilita a realização de uma educação inclusiva pressupõe que todos, independente das suas características, consigam participar do que está sendo proposto em aula. Isso vai desde, por exemplo, uma pessoa com cegueira ou um indivíduo com surdez, que precisa de recursos especiais para acompanhar uma aula online; incluindo até pessoas com superdotação ou algum transtorno do espectro do autismo que tenham ritmos diferentes de aprendizagem.
Faz parte das práticas inclusivas na educação o olhar atento a todas as necessidades latentes na sala de aula do profissional em questão. Mesmo quando não há necessariamente uma deficiência caracterizada, é preciso compreender que toda pessoa é única e vive sua própria experiência de aprendizado.
Uma dica do que não fazer ao abordar o tema de educação inclusiva é segregar. Isso não é inclusão, pelo contrário, é exclusão. É bastante comum utilizar o raciocínio de que “vou concluir a minha aula aqui, depois eu passo o conteúdo em um formato adaptado para o meu aluno surdo”, por exemplo.
Mas voltamos a enfatizar: isso não é inclusão. Educar de forma inclusiva é garantir, através dos recursos disponíveis, que todos os presentes estejam envolvidos e contemplados com a mesma abordagem.
Como promover uma educação inclusiva no ensino híbrido
No caso das aulas em formato híbrido, pensando principalmente nos meios digitais, o principal caminho para implementar uma educação inclusiva é conhecer seus alunos.
O diálogo aberto e franco com as pessoas com deficiência (PCD) é um tabu amplamente perpetuado em todos os ambientes, inclusive nas instituições de ensino. No entanto, esta é a primeira coisa que qualquer pessoa que deseja oferecer uma boa experiência de inclusão precisa saber. Quem melhor do que a própria pessoa PCD, que convive diariamente com seus desafios, para saber qual é a melhor experiência para ela.
A dica que queremos deixar com isso é: não tenha medo das diferentes necessidades e características dos seus alunos. Instigue os estudantes a conversarem sobre elas, a deixarem claro o que precisam e como se sentem melhor. Educação inclusiva não é somente oferecer recursos ledores de tela ou promover audiodescrição para pessoas com cegueira, e nem traduzir as aulas para Libras, pensando nos alunos com surdez.
Educação inclusiva é conhecer os alunos, tratá-los sem preconceitos e com de maneira inclusiva, ou seja, possibilitando que possam participar das aulas em equidade de condições, com os demais.
Os próprios estudantes poderão indicar, por exemplo, que ferramentas utilizam em casa para estudar, ou com seus amigos para se divertir, e que possibilitam a sua inclusão. O importante é ter atenção ao que os seus alunos precisam e conhecer as ferramentas certas que podem ajudar a todos.
Quais os principais pontos de atenção
Como já mencionado, é importante compreender de antemão na sua instituição de ensino qual é o cenário e o que será preciso para lidar com ele da melhor forma possível. Assim, existem alguns sinais e pontos de atenção principais a serem observados. São eles:
- Identificar se existem estudantes com deficiências, transtornos, síndromes, altas habilidades e/ou superdotação na sua instituição; ou estudandes com características não típicas que demandam atenção especial.
- Mapear quais são as características de cada estudante que será atendido. ;
- Entender a melhor forma de lidar com cada característica. Isso pode ser feito através de um Plano de atendimento individualizado.
- Conversar com a família e, se possível com as pessoas que o atendem (médicos e terapias, se houver)
- Busque informações técnicas e especializadas, mas não se prenda a elas pois cada indivíduo é único. e;
- Mas, sempre que possível, conversar com os próprios estudantes para entender o que é importante para eles.
Quais os benefícios
Diversos benefícios já foram identificados no ensino híbrido como meio para possibilitar uma educação inclusiva de verdade. Um exemplo é o caso de crianças com transtorno do espectro autista, que muitas vezes não conseguiam se expressar e participar na sala de aula presencial. No ambiente digital, eles (podem) conseguem se comunicar pelo chat, o que em muitos casos já é uma mudança significativa no modo como se percebem e se posicionam.
Isso os deixa mais confortáveis para fazer suas colocações e participar, ao mesmo tempo que traz benefícios para a turma e para os professores que são agraciados com a contribuição de um colega até então mais quieto.
A tecnologia permite a leitura de telas, a realização de pesquisas através da voz, o aumento das letras na tela para quem tem dificuldade de visão. A tecnologia possibilita também que diferentes dinâmicas sejam aplicadas a uma mesma turma de alunos para contemplar suas necessidades de aprendizagem. Assim, alunos que aprendem mais rápido não se sentem desmotivados, e aqueles que têm um tempo mais lento também deixam de se sentir menosprezados.
Isso é educação inclusiva, todos tendo acesso às mesmas coisas, respeitando as suas individualidades e com os recursos que possibilitam isso. Pensar em educação inclusiva, é pensar em transformação.