educação híbrida

Educação híbrida: os desafios e potencialidades desse modelo de aprendizagem

O contexto ao qual professores e discentes foram submetidos nos anos de isolamento devido à pandemia, mais as transformações que a sociedade absorve em ritmo acelerado na Era da Informação requisitam que novas práticas metodológicas e de ensino sejam desenhadas e garantam um processo de aprendizagem completo.

 

Em meio a isso, o universo da educação ainda precisa se dedicar a compreender os desafios que diferentes realidades exercem sobre essas “novas” demandas.

 

A exemplo disso: enquanto algumas escolas estão aptas a aproveitarem o que a tecnologia tem a oferecer, outras se deparam com a falta de estrutura da própria instituição, dos alunos e dos ambientes escolares remotos.

 

Ou seja, o atual momento se apresenta como um grande desafio para todos os agentes da educação, e pensar sobre ele pode nos ajudar a construir respostas colaborativas, além de mais elaboradas.

 

Por isso, o objetivo deste conteúdo é entender como a educação híbrida interfere nos estágios da formação, quais são seus desafios e quais são suas potencialidades. Vamos juntos?

 

O que é educação híbrida?

 

Há algum tempo, por aqui nos conteúdos da Inicie, falamos um pouco sobre o que define o ensino híbrido. Você se lembra?

 

Segundo a especialista Lilian Bacich, ensino híbrido é uma metodologia educacional que promove uma integração da educação com as ferramentas digitais. Isso se dá majoritariamente através da mescla entre estratégias do ensino presencial e estratégias utilizadas na educação online.

 

Professores e alunos são impactados pela aplicação do método, que impulsiona toda uma transformação na maneira de fazer educação.

 

Assim, as aulas dentro da metodologia de ensino híbrido precisam ser planejadas especificamente para contemplarem este formato.

 

Desafios da educação híbrida no Brasil

 

Com a necessidade da instalação abrupta do ensino remoto a partir de 2020, foi observado que, em muitos casos, a realidade escolar não estava bem preparada para o ensino à distância.

 

A exemplo disso, de acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), realizada em outubro desse ano, 62% das escolas de ensino básico do Brasil disponibilizaram o material de suas aulas por meio de uma folha de papel que era entregue aos alunos, ou, enviada de forma remota, e depois retornava aos docentes fisicamente ou por meio de foto.

 

Assim, o ensino remoto evidenciou que a exclusão digital ainda é um dos problemas desse cenário tecnológico ao qual a sociedade está inserida.

 

Soma-se a isso o contexto desigual de acesso às ferramentas e à educação digital, por parte de discentes e docentes. E, também, os desafios apontados por um levantamento do Instituto Península.

 

Os dados desse levantamento levaram em conta a opinião de professores e destacaram os pontos abaixo como principais desafios do ensino híbrido. Veja quais foram os mais citados:

 

  • 79% – Falta de infraestrutura e conectividade dos alunos
  • 64% – Dificuldade para manter o engajamento dos alunos
  • 54% – O distanciamento e perda de vínculo com os alunos
  • 49% A falta de formação para lidar com desafios do ensino remoto
  • 46% – A falta de conhecimento de ferramentas virtuais
  • 45% – A falta de um ambiente adequado para trabalhar em casa
  • 34% – O lado emocional (medo, ansiedade, estresse, etc) tem atrapalhado o trabalho
  • 26% – A falta de conhecimento de recursos e acessibilidade comunicacional

 

Em uma entrevista para o portal “Quero Bolsa”, Cláudia Santa Rosa, diretora executiva do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), resumiu o cenário evidenciado acima: “Com a ajuda da tecnologia, a pandemia vem mostrar que a escola pode acontecer onde as pessoas estiverem e onde for possível existir o diálogo entre aprendentes e objeto do conhecimento. A tecnologia vem ajudar a descentralizar a escola. Mas ela, infelizmente, ainda não é acessível a todos”.

 

Potencialidades do ensino híbrido no Brasil

 

Uma pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba, intitulada “Educação híbrida em foco: as diferentes formas de ensinar e aprender”, se dedicou a estudar de que maneira essa modalidade de ensino pode contribuir com a do presencial para potencializar o processo ensino-aprendizagem dos educandos.

 

O estudo, publicado em 2015, identificou que a educação tem passado pela apresentação de novos paradigmas, que envolvem:

 

  • Uma mutação de época que impacta a prática pedagógica em sala de aula, além dos modelos de educação;
  • Além de novos padrões de educação decorrentes de novas tecnologias. É o que se encontra no seguinte trecho deste documento: “A substituição dos livros por modernos meios de aquisição de informação como as mídias: televisão, som, imagem, internet e o crescente avanço da informatização, aumentam a dependência do uso das mesmas”.

 

Assim, de acordo com as transformações do tecido social, muitas vezes, instigadas pela transformação digital, há uma demanda permanente de revisão da educação e das suas metodologias.

 

Nesse contexto, a educação à distância, superados aos poucos os desafios já mencionados neste conteúdo, aparece como uma inovação das práticas pedagógicas, além da possibilidade de interação, que não leve em consideração apenas uma recepção de conteúdo, entre professor e aluno.

 

De acordo com esse estudo, uma vez que as tecnologias fazem parte do cotidiano de forma tão expressiva, já não há mais espaço para o julgamento se elas são benéficas ou não para o processo de ensino. O que se deve fazer é entender como elas podem ser utilizadas, segundo cada realidade, para motivar os alunos no seu processo de formação.

 

Dentre as vantagens que o ensino híbrido pode oferecer aos alunos e professores estão:

 

  • Otimização do tempo – professores e estudantes passam a não precisarem se deslocar;
  • Dinamismo – os professores podem elaborar aulas com métodos diferentes e criativos que se façam valer das funcionalidades digitais, como métodos que envolvam, por exemplo, realidade virtual, jogos, filmes e vídeos;
  • Construção de um processo de conhecimento colaborativo – os alunos, diante a tantos estímulos de conhecimento, podem se sentir mais motivados a contribuírem com a construção do mesmo. Isso torna o processo mais efetivo e interessante;
  • Preparação do aluno para o contexto digital, que não pretende retroceder;
  • Maior densidade no desenvolvimento das propostas pedagógicas, uma vez que há mais formas de conteúdo disponibilizado na nuvem.

 

Dessa maneira, para entender o impacto do ensino híbrido em uma formação, a modalidade deve ser observada de forma completa, levando-se em conta tanto seus desafios, quanto suas potencialidades.

 

É importante destacar que, analisando o contexto, as ferramentas e possibilidades digitais tendem a não retroceder.

 

Por isso, faz-se necessário que os debates educacionais se voltem às possibilidades de superação dos ruídos e problemas ainda vistos nesse modelo, para que sua implementação seja transformadora para todos.

 

Para você, agente da educação, as tecnologias têm sido aliadas?